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Diz uma lenda que, há muitos anos, um sábio e seu aprendiz estavam viajando e pediram pouso em um sítio à beira do caminho. Neste sítio residia uma família muito pobre.

Essa família era composta por um casal e três filhos. Eles estavam mal vestidos e claramente passavam necessidade. O sábio então perguntou para o pai de família o que eles faziam para sobreviver.

Ele respondeu que tinham uma vaquinha que, apesar de magrinha, dava o sustento necessário para irem tocando a vida.

No outro dia o sábio e seu aprendiz se despediram da família. Ao saírem da casa, o sábio disse para o aprendiz: “pegue a vaquinha dessa família e jogue-a do precipício.”

O aprendiz arregalou os olhos e tentou argumentar dizendo que a vaquinha era o único meio de sobrevivência daquela humilde família. Porém, ao perceber o olhar do mestre, cumpriu a ordem a contragosto.

Depois de alguns anos, o aprendiz decidiu voltar ao mesmo sítio para ver o que tinha acontecido com a família. Chegando lá, notou que tudo havia mudado: o jardim estava florido, haviam construído uma linda casa e contavam com vários animais, incluindo diversas vaquinhas.

Ao entrar na casa, ele percebeu que era a mesma família, então questionou:

- Puxa, percebi que a vida melhorou bastante para vocês, o que houve?

E o pai de família respondeu:

- Depois que vocês foram embora, há alguns anos, a nossa vaquinha caiu do precipício e morreu. Achamos que seria o fim do mundo, mas tivemos que nos adaptar, descobrimos habilidades que não conhecíamos em nós mesmos.

Aquele acidente nos forçou a buscar oportunidades e novas fontes de renda que não havíamos pensado enquanto estávamos satisfeitos com a vaquinha.

Esta história me marcou bastante: há muitos anos deixei um emprego formal para vender Natura de porta em porta e realizar o sonho de ser psicóloga. Percebo que todos nós temos algum tipo de “vaquinha” na vida. Algo que nos acomoda, e de certa forma nos prende. Ao longo de mais de 20 anos, sigo matando minhas vaquinhas. E você, tem coragem de matar a sua?