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Com o roteiro de março feito e sem previsão de retorno até o final do mês, não entendia o motivo da suspensão da palestra por conta de um vírus que ainda me parecia tão distante. Respirei fundo tentando entender. Enquanto pensava, recebo a segunda ligação de mais um cancelamento.  Eu queria chorar e entender. Com certeza o mundo estava contra mim! Havia me preparado tanto para subir no palco e trocar minha experiência com as mulheres, refletir sobre os desafios que o dia-a-dia nos impunha. E agora? A grande pergunta que começava a surgir era exatamente como eu própria enfrentaria tal desafio? Duas palestras canceladas em menos de três horas?

Buscamos informações e tudo o que se via ou ouvia era a possibilidade de uma pandemia. Nunca vivi uma, mas já odiava esta que se avizinhava e colocava em risco minha carreira que tinha previsão promissora para 2020. Medo nenhum até aquele momento. Só raiva, muita raiva com o terceiro cancelamento no final do domingo. Era o fim. Na verdade, não conseguia ver o drama e o egoísmo me consumindo. Uma incapacidade absoluta de ver o contexto e no quarto cancelamento eu só conseguia olhar meu umbigo.

Chegamos em Tubarão e naquela semana eu tive todas as minhas palestras que estavam agendadas até o mês de maio, suspensas. Logo maio o mês das mães? Minha esperança era agosto, porém, nem agosto, nem setembro e muito menos outubro. Outubro Rosa costumava ser o ápice do meu ano. Simplesmente tudo ficou cinza ainda no mês de março, quando o primeiro lockdown foi promulgado pelo governo do estado. Neste momento, somente neste momento quando ficamos trancados, comecei a me dar conta da gravidade e foi no final do mês de março que meu problema de fato começou a surgir. Neste momento, eu me dei conta do tamanho da minha soberba. Até o próximo episódio.