Doze Meses – Episódio 06
O mês de abril iniciou mais tranquilo e pude me dedicar ao inventário da família, às aulas de pilates online, a produção de mudas, aula de escrita criativa e com a minha nova condição de aluna no SUPERA, escola que tem como finalidade a ginástica do cérebro. Tudo parecia tranquilo no meio de um panorama ainda assustador. Na praia o mundo parecia ser outro, enquanto na cidade, o uso das máscaras, a necessidade constante do álcool em gel, o afastamento das pessoas dava margem ao pensamento que aquele vírus continuaria ainda conosco. Interessante é que todos os dias eu imaginava acordar com a notícia do final da pandemia e para minha tranquilidade os filhos continuavam trabalhando remotamente. Ficamos mais distantes que o normal, quase um mês afastados. Era uma condição nova, tudo era novidade, até os boletins narrados pelo nosso secretário de saúde. Eu focava na voz dele que era linda e não nos números. Eu não queria ouvir a palavra morte. Eu me recusava focar no que era ruim para não entrar em crise novamente. Simplesmente seguíamos eu e Xande, com nossas atribuições domésticas, esperando o COVID ir embora. Mas ele não foi. Não foi e dava sinais de que ficaria o mês de abril inteiro. Aniversários na família foram comemorados de forma virtual, algo jamais imaginado em nossas vidas. No aniversário de nossa neta não sabia se sorria ou se chorava. Nenhum dos avós esteve com ela. Ela em Porto Alegre, nós aqui na praia e os outros avós em Sapucaia. Como ela estava lidando com a situação? Esta foi outra preocupação que a reclusão me trouxe. Como conversar com as crianças sem assustá-las? Por que estava proibido fazer uma festa? E os seus amiguinhos? Por que pais e mãe estavam em casa e ela não podia mais ir para a escola? Maio chegou trazendo a notícia que era hora da adaptação. Eu segui com a programação do lançamento do livro para julho, afinal, era só um vírus que não duraria tanto.
Até o próximo episódio...